sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Papai Noel no divã

Acontece em tempos de preciso ter para ser, que nessa época do ano muitos "entram em parafuso", como escuto demais por aí. Ao sair para comprar presente de Natal em cidades maiores, vemos de tudo : na última semana antes do Natal então.... bom, não sei se é preciso realmente comentar... todos sabemos como é.
No meio desse corre-corre encontro muitos papais - noéis sentados, pensando... bem periogoso, eu diria... mas é aí que tudo acontece ! Papai Noel refletiu, olhou para o ano que passou, para o ano que vem vindo, para a festa do dia 24 e BAZINGA ! entrou em crise... pobre, papai noel, assim nem dá mais para escrever seu nome com iniciais maiúsculas de tão diminuído que ficou... Alguns pensam : "- Por favor, papai noel, vai dar uma de fraco agora ?" e lá vai ele ... imaginem, aonde ele foi parar :


Vou contar como foi a sessão (tenho autorização dele, já que não posso faltar com a ética na minha profissão, ela é essencial... também na vida né) :

- Dona Psicóloga...
- Meu nome é Simone, fique à vontade, por favor..
- Não sei bem como funciona esse negócio de psicoterapia... sou de um tempo que ficar desanimado era normal, e ter crise existencial se curava com o trabalho, mas ultimamente parece que até minhas renas se contagiaram... Rudolph, está velho é verdade, mas reclama porque diz que sabe que as crianças não ouvem mais o tilintar de nosso trenó... e por falar em trenó, olhando lá de cima, quando estamos recolhendo as cartinhas, vejo as pessoas correndo de um lado por outro, sem pensar, ou melhor sentir, por quê se faz isso todo ano... e vou confessar : escutei gente dizendo que cansou do Natal, e questionando, dizendo que é uma festa besta, comercial, e que isso é mesmo só pra estressar, sendo todo ano a mesma coisa... estou me sentindo meio sem valor...
-Interessante você dizer isso Sr. Noel, de estar sem sentindo sem valor...
-Interessante, interessante, por quê ? você percebeu algo errado em mim ? também acha que estou ultrapasado ? ou que o Natal é perda de tempo ?
-não, não... não foi nesse sentido que disse que achei interessante, mas parece que isso diz muito sobre o seu problema... sabe, "estar sem valor"...
Papai Noel passou um minuto pensando e disse :
-Acho que não tem mais jeito, coelhinho da páscoa também se sente assim, estivemos conversando e nos sentimos sem valor...
- E o quê isto quer dizer Sr. Noel, pense um pouco mais...
após mais reflexão, disse :
- bom, pensar em um significado sobre o que estou dizendo e sentindo né... é isso que devo fazer... nestes últimos anos já vi coisa, e parece estar piorando, o anjo do ano novo contou uma vez que viu pessoas se estapearem por uma garrafa de champagne em uma cidade provinciana, aonde a oferta era menor, e com menos opções, então já pensei que a culpa fossem dos shoppings e cheguei a excumungá-los, confesso... desejando que nunca estivessem surgido na face da terra...
Mas pensando melhor, também lembro de uma vez que dei um livro de presente para uma criança, um livro que sempre agradou muito os pequenos e aquele menino ficou muito, muito feliz de ganhar o presente mas nunca leu o livro...
.....também acho que em outros tempos, haviam crianças que dormiam dependuradas na janela esperando ver uma luzinha que fosse do meu trenó...
-Faça conexão entre as coisas que disse Sr. Noel... parece que tudo está interligado....
-Sim, eu e Coelhinho da Páscoa nos sentindo sem valor, crianças distantes da magia dessa época do ano, adultos sem pensamentos de reflexão, o ato de presentar sem uma intenção... é mesmo interessante !
-Parece que o Senhor chegou a alguma conclusão !
- Sim, Simone, muito bom ! Vou chamar o Coelhinho da Páscoa, o anjo do Ano Novo e vamos juntos esquiar nesse final de ano !
-Esquiar Sr. Noel ???? (só interrogações, afinal sou psicóloga e não posso fazer julgamentos)
- Sim,  precisamos passar um momento em família, cantar velhos hinos e reencontrar nossa criança interior ! Será bom ! Esse momento poderá amenizar o mal estar que estivemos sentindo... HOHOHO

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Você ainda acredita nas relações humanas ?

Na clínica, na vida, e até no facebook,  vê-se muito claramente o descrédito no ser humano, nas relações humanas. Pessoas  demonstram seu pesar por serem vítimas de fofocas, de decepções em suas relações, desde uma grande traição a palavras mal - ditas ou mal interpretadas.
Passando da situação micro para a macro, o indivíduo ao invés de ampliar sua visão sobre o ser humano e dessa forma alterar seu ponto de vista, parece que acaba por convencer-se de vez por todas que relacionar-se não vale a pena.
O time que joga no domingo à tarde e seus torcedores promovem uma verdadeira batalha de arena ao estilo medieval, com direito a pisoteio de cabeças e tudo mais, uma mulher estressada chuta e ensina o filho menor a agredir seu animal de estimação, testes de produtos cosméticos são feitos em beagles, arrastões acontecem em meio as compras de Natal.
A partir dessa concepção de mundo construída com tais substractos, muitos se fecham, reduzindo seu círculo social, evitando relações mais íntimas e muitas vezes se isolando da convivência com as pessoas/mundo.
Tenho uma visão muito particular sobre o assunto. Sei que as pessoas estão se protegendo, sentindo necessidade de usar de defesas para tanto. Assim temos sido críticos em nossas relações, julgando o outro no primeiro passo em falso, atuando sem espontaneidade nas relações, e formando ilhas de relacionamento aonde o sentimento de segurança é tão importante. Acho mesmo que o que tem acontecido é cruel conosco mesmos e com nossos semelhantes. Sem evocar nenhum conceito religioso, sinto mais do que tenho qualquer certeza científica sobre o tema, que nos falta TOLERÂNCIA. 
Tolerância é o exercício do amor, da humildade, da paciência, da compreensão. A tolerância aproxima as pessoas.
Não, não, não.... sem demagogias.... não é preciso amar e perdoar um assassino, estuprador de criança. Ou sim, se você é capaz. Mas entender que as pessoas erram, nos decepcionam e que isso acontece o tempo todo, a vida inteira, pelo simples fato de que somos humanos, sujeitos a falhas e imperfeições, pode apaziguar tempos de tanto distanciamento.
Tenha em mente que somos seres em desenvolvimento, aprendendo com erros e acertos, mudando e, se quisermos, melhorando durante todo nosso percurso.

Simone Geremias Meister
CRP - 12/04643